Se você é mãe e está prestes a voltar a trabalhar, provavelmente está cheia de dúvidas em relação a manter a amamentação mesmo na sua ausência. Além da angústia da separação e da preocupação com a amamentação exclusiva, existe o medo em relação a produção de leite, ou seja, não conseguir tirar leite suficiente para alimentar o bebê no período de trabalho.
De acordo com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), a lactente tem direito a dois intervalos de meia hora cada para amamentar, até que o bebê complete 6 meses, ou, se for possível, sair uma hora mais cedo do trabalho para amamentar. Por lei, a mulher também pode utilizar a hora do almoço para comer em casa e aproveitar para amamentar ou tirar o leite no trabalho. Muitas vezes, na prática, as empresas não respeitam os direitos das mães trabalhadoras que amamentam, e, em muitos casos, sequer seguem a lei ou oferecem qualquer tipo de apoio.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda o aleitamento materno exclusivo até os seis meses de vida do bebê, mas muitas vezes é difícil seguir essa recomendação pois, na maior parte das empresas brasileiras, a licença-maternidade é de apenas quatro meses. E o processo de preparação a uma nova rotina: a da adaptação à creche ou novos cuidadores, e a organização do aleitamento para a volta ao trabalho, é confuso e desgastante.
Diante de tantos obstáculos para manutenção da amamentação materna exclusiva, preparei algumas dicas simples para você manter a amamentação após a volta ao trabalho:
– pratique a ordenha do leite e congele para usar no futuro. É importante iniciar o estoque de leite, em congelador, 15 dias antes do retorno ao trabalho para garantir uma boa quantidade em estoque
– quando estiver em casa, não poupe esforços para amamentar com frequência, se possível também durante a noite. É necessário amamentar o bebê pelo menos 2 vezes por dia, que pode ser de manhã e à noite. Além disso, deve retirar-se leite materno com uma bombinha, mais duas vezes por dia, para manter a produção de leite.
– escolha a forma mais confortável para retirar o leite, que pode ser manualmente ou com bombinha manual ou elétrica
– use blusas e sutiã de amamentação com abertura na frente, para ser mais fácil retirar o leite no trabalho e amamentar
– durante as horas de trabalho, se possível, esvazie as mamas por meio da ordenha e guarde o leite em geladeira ou bolsa térmica, com as bolsas de gelo em contato com o frasco de leite. Leve o leite para casa e ofereça para o bebê no mesmo dia ou no dia seguinte, mas também pode ser congelado
– para alimentar o bebê com leite ordenhado congelado, ele deve ser descongelado de forma natural, de preferência dentro da geladeira. Após, o leite deve ser aquecido em banho-maria fora do fogo
– evite ao máximo o uso de mamadeiras pois pode levar ao desmame precoce (lembrando que cada caso é um caso), por isso é recomendado oferecer o leite através do copinho ou colher dosadora
– beba 3 a 4 litros de líquidos por dia como água, sucos e sopas. E coma alimentos saudáveis e ricos em energia para garantir a produção de leite e manter sua saúde em dia.
Não precisa limitar o peito enquanto você estiver com o bebê, antes da volta ao trabalho, para acostumá-lo a ficar sem o peito na sua ausência. Isso vai trazer instabilidade emocional e arriscará a boa nutrição de seu filho. É normal que o bebê perto da mãe recuse a mamadeira ou outros alimentos porque prefere o leite materno, porém fique tranquila – na sua ausência provavelmente será mais fácil ele aceitar outros alimentos, ou o leite ordenhado.
E busque uma rede de apoio nesse momento de volta ao trabalho, principalmente o apoio de familiares e companheiro, para dividir as tarefas domésticas e até mesmo para alimentar o bebê nos momentos em que você não estiver presente.