ALERGIA ALIMENTAR: SERÁ QUE SEU FILHO TEM?

A alergia alimentar é definida como uma doença decorrente de uma resposta imunológica anormal e exagerada após a ingestão e/ou contato com proteínas alimentares. Os principais alérgenos alimentares identificados para as crianças são: leite de vaca, ovo, trigo, milho, amendoim, soja, peixe e frutos do mar.

A prevalência das alergias alimentares no Brasil pode chegar a 6% em menores de 3 anos.

A alergia alimentar mais prevalente na infância é a alergia a proteína do leite de vaca (APLV). Estima-se que esta condição clínica acometa entre 0,5 a 3% dos lactentes no primeiro ano de vida, em países desenvolvidos, podendo chegar a 5,4% no Brasil.

Fatores que contribuem para as alergias alimentares:

A imaturidade fisiológica tanto do trato gastrointestinal quanto do sistema imunológico, inerente aos dois primeiros anos de vida, é um fator importante para que o desenvolvimento da alergia a proteína do leite de vaca se estabeleça na infância. Os possíveis fatores de risco para o desenvolvimento de alergias na infância são:

– influência genética: quando há histórico familiar de atopia – pai, mãe, irmão.

– o parto cesáreo facilita uma colonização bacteriana anormal pela ausência de exposição à flora bacteriana no canal vaginal, resultando em desequilíbrio da microbiota – a disbiose

– o excesso de higiene, limpeza, além da presença de vacinas e uso de antibióticos, expondo as crianças cada dia menos às infecções, o que altera o sistema de defesa

– desmame precoce, introdução antecipada ou tardia da alimentação complementar, exposição tardia a alimentos potencialmente alergênicos

Quando pensar em APLV:

As crianças acometidas por APLV podem apresentar:

– cólica de difícil controle

– vômitos

– má aceitação alimentar

– diarreia ou constipação

– sangue nas fezes na ausência de fissura anal

– anemia

– choro excessivo

– baixo ganho de peso

– urticária / rash cutâneo

– dermatite atópica

Os sintomas mais comuns são manifestações cutâneas, manifestações do trato gastrointestinal (náuseas, vômitos, diarreia, e outros), e sintomas respiratórios (coriza, espirros, tosse, prurido ocular). 30 a 40% das crianças com APLV apresentam dificuldades alimentares, e uma parte evolui com déficit de peso.

Como diagnosticar:

O diagnóstico nem sempre é fácil, pois os sintomas clínicos podem ser comuns a outras doenças e não há nenhum exame específico que comprove a suspeita diagnóstica. Os testes disponíveis são o teste cutâneo e a dosagem de anticorpos específicos no sangue. São complementares à clínica e mostram se sensibilização ou não ao leite, mas é importante salientar que resultados positivos não confirmam o diagnóstico, assim como os resultados negativos não o excluem. Os mais importantes são a história clínica e o exame físico. E, para confirmar, realiza-se exclusão do alérgeno da alimentação e, depois, um teste de provocação oral (TPO).

Além disso, o lactente pode apresentar distúrbios gastrointestinais funcionais (FGIDs), que são sintomas passageiros gerados pela adaptação e imaturidade do trato gastrointestinal no início da vida. Os mais comuns são: cólica, regurgitação, constipação. Se devidamente diagnosticados e tratados, não trazem grandes repercussões clinicas.

Se a criança estiver em aleitamento materno, a mãe vai realizar a exclusão de leite de vaca e derivados da sua alimentação. Se a criança não estiver amamentando, indica-se fórmulas infantis hipoalergênicos ou não-alergênicos – a escolha vai depender do quadro clínico da criança. 

Tratamento:

A base do tratamento é a exclusão prolongada do alérgeno alimentar, para garantir suporte nutricional e crescimento e desenvolvimento adequados. Orienta-se a manutenção de exclusão de leite de vaca e derivados pela mãe que amamenta, ou o uso de fórmulas infantis hipoalergênicos ou não-alergênicos. O uso de leite de outros mamíferos como cabra, ovelha, búfala não deve ser realizado devido ao risco de reações cruzadas, com manutenção de sintomas alérgicos, além de não garantirem o aporte nutricional adequado aos lactentes.

A dieta de exclusão deve ser mantida até que, em conjunto com o médico da criança, e o menor apresentando melhora clínica, decida-se pelo TPO: oferta progressiva de alimentos com proteína do leite de vaca, sob supervisão médica. Se a criança voltar a apresentar os sinais da APLV, o diagnóstico está comprovado.   Se não houver sintomas durante esse processo, a dieta poderá ser suspensa.

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