Quem tem um bebê em casa sabe o quão desafiadores podem ser os primeiros três meses de vida. É um período repleto de surpresas, emoções, sentimentos e dificuldades. Uma das queixas mais comuns nessa fase é a cólica infantil.
É natural que pais, avós, cuidadores e até mesmo pediatras tenham dúvidas sobre o que o bebê está sentindo, seja cólica ou gases. É essencial diferenciar esses dois problemas, uma vez que suas causas e tratamentos são distintos. Compreender o que o bebê está sentindo e identificar corretamente seus sintomas permite um tratamento mais eficaz para aliviar o desconforto.
Os primeiros três meses: uma fase de mudanças
Nos primeiros três meses de vida, o bebê passa por um período de rápido crescimento e desenvolvimento. Durante essa fase, é comum que os bebês tripliquem de tamanho, o que os torna mais suscetíveis a alterações e desconfortos. É importante ressaltar a importância do aleitamento materno exclusivo até os seis meses de vida, pois o leite materno é o alimento ideal para o bebê, fornecendo todos os nutrientes necessários para um crescimento saudável.
Gases: o incômodo diário
Os gases são um problema comum que afeta muitos bebês. Eles ocorrem ao longo do dia e da noite, e não possuem um horário específico. O bebê pode apresentar a barriguinha mais dura, contrair as mãozinhas e o rosto pode ficar vermelho enquanto ele faz força para expelir os gases.
O choro do bebê com gases geralmente é caracterizado como um choro de esforço, como se estivesse empurrando algo para baixo. É importante observar a sensibilidade do bebê e diferenciar os diferentes tipos de choro, o que pode ser útil para identificar o desconforto específico que ele está sentindo.
Desde o nascimento do bebê, é fundamental treinar a observação dos sinais do seu corpo quando ele chora. Em vez de entrar em desespero e tentar de tudo para acalmá-lo, é importante fazer uma pausa e tentar entender o que o bebê está tentando comunicar. Identificar cada tipo de choro pode ser um desafio inicialmente, mas com o tempo os pais começam a reconhecer as diferentes necessidades do bebê. Essa habilidade ajuda a agir de forma assertiva para aliviar o desconforto do bebê.
Cólica infantil: um desconforto intenso
As cólicas são episódios de choro inconsolável que afetam muitos bebês. Elas geralmente começam por volta do décimo dia de vida e tendem a piorar entre a quarta e a sexta semana. No entanto, é importante destacar que quase todos os bebês têm cólicas, mas algumas podem ser mais leves enquanto outras são mais graves e sintomáticas. É essencial compreender que a cólica não é um motivo para interromper o aleitamento materno ou introduzir qualquer medicação sem orientação médica adequada.
A cólica é caracterizada por um choro inconsolável, que não melhora com o peito, embalo ou outras medidas utilizadas para acalmar o bebê. Dura, em média, de uma a duas horas e ocorre geralmente no mesmo horário todos os dias. Há uma tendência das crises de cólica acontecerem no final do dia e no início da madrugada. Distinguir esses sintomas das cólicas é essencial para que o pediatra possa orientar corretamente os pais sobre o que fazer em cada caso específico.
Existem alguns diagnósticos diferenciais importantes a serem considerados ao avaliar a cólica infantil. É essencial descartar outras condições médicas que podem apresentar sintomas semelhantes. Alguns dos diagnósticos diferenciais comuns incluem:
- Refluxo gastroesofágico: O refluxo ocorre quando o conteúdo do estômago volta para o esôfago, causando desconforto e irritação. Os sintomas podem ser semelhantes aos da cólica, como choro excessivo e irritabilidade. No entanto, o refluxo geralmente está associado a regurgitação, vômitos frequentes e dificuldade para ganhar peso. É importante consultar um médico para obter um diagnóstico adequado e um plano de tratamento adequado.
- Alergia ao leite de vaca: Alguns bebês podem ter alergia ao leite de vaca. Isso pode levar a sintomas de cólica, como inchaço abdominal, gases e diarreia. Se houver suspeita de alergia ao leite de vaca, o pediatra pode recomendar a exclusão temporária de proteína do leite de vaca da dieta da mãe (se ela estiver amamentando) ou a substituição da fórmula do bebê por uma fórmula sem proteína do leite de vaca.
- Outra alergia alimentar: Alguns bebês podem ter alergia a outros alimentos, como ovos, trigo, soja, entre outros. A alergia alimentar pode causar sintomas semelhantes aos da cólica, como choro frequente, irritabilidade, distensão abdominal e diarreia. Se houver suspeita de alergia alimentar, é importante procurar orientação médica para realizar testes adequados e identificar os alimentos desencadeantes.
- Obstrução intestinal: Embora seja rara, uma obstrução intestinal pode causar dor abdominal e irritabilidade em bebês. A obstrução pode ocorrer devido a malformações congênitas, impactação fecal, estenose intestinal ou outras condições. Se houver suspeita de obstrução intestinal, é fundamental buscar atendimento médico imediato.
É importante ressaltar que apenas um profissional de saúde qualificado, como um pediatra, pode fazer um diagnóstico diferencial adequado com base na avaliação dos sintomas do bebê, histórico médico e, se necessário, exames complementares. É fundamental procurar orientação médica sempre que houver preocupações ou dúvidas sobre a saúde do bebê.
Tratamento e orientações médicas
No tratamento da cólica infantil, é importante adotar medidas sintomáticas para aliviar o desconforto do bebê. No entanto, é fundamental evitar o uso de medicações sem prescrição médica, especialmente em bebês pequenos. O uso de medicamentos só deve ocorrer quando indicado pelo pediatra que acompanha a criança. Seguir as orientações médicas específicas para cada caso é crucial para garantir o bem-estar e a segurança do bebê.
A alimentação materna desempenha um papel fundamental no bem-estar do bebê que amamenta, incluindo a prevenção ou redução da cólica infantil. Quando uma mãe amamenta, é importante que ela mantenha uma dieta equilibrada e saudável, evitando o consumo excessivo de alimentos que possam causar gases, como feijões, brócolis, repolho e refrigerantes gaseificados.
Além disso, a mãe deve evitar o consumo de cafeína e alimentos picantes, que podem potencialmente irritar o sistema digestivo do bebê. Cada bebê é único e pode reagir de maneira diferente a certos alimentos, portanto, é aconselhável que a mãe esteja atenta às reações do bebê após a amamentação e, se necessário, procure orientação médica para identificar quais alimentos podem estar relacionados à cólica e ajustar sua dieta de acordo.
Existem diversos chás que são populares para aliviar a cólica infantil. Muitos pais recorrem a essas opções naturais na esperança de proporcionar algum alívio para o desconforto do bebê. No entanto, é importante ressaltar que o uso de chás para tratar cólicas em bebês requer cuidado e orientação médica adequada.
Alguns chás comumente utilizados incluem camomila, erva-doce e hortelã, pois acredita-se que possuam propriedades relaxantes e que ajudam na digestão. No entanto, antes de oferecer qualquer chá ao seu bebê, é essencial consultar o pediatra para obter orientações precisas sobre o uso, a dosagem correta e possíveis efeitos colaterais. O pediatra poderá avaliar a situação individualmente e indicar a melhor abordagem para lidar com a cólica do seu bebê.
Existem algumas medidas que podem ajudar a aliviar os gases e a cólica do bebê:
- Movimentação e carinho: Embale seu bebê suavemente nos braços ou use uma cadeira de balanço. O movimento pode ajudar a acalmar o bebê e aliviar a cólica. Além disso, o contato físico, como aconchegar o bebê no colo ou fazer uma massagem suave na barriga, pode proporcionar conforto.
- Banho morno: Um banho morno pode ser relaxante para o bebê e ajudar a aliviar a cólica. Certifique-se de manter a temperatura da água agradável e segura.
- Posição deitada de barriga para baixo: Colocar o bebê deitado de barriga para baixo, com o apoio adequado, pode aliviar a pressão e o desconforto causados pela cólica. Certifique-se de que o bebê esteja supervisionado o tempo todo e colocado em uma superfície segura.
- Compressa morna: Aplique uma compressa morna ou uma fralda quente na barriga do bebê. O calor suave pode ajudar a relaxar os músculos abdominais e aliviar a cólica.
- Ruídos brancos: Sons suaves e repetitivos, como o ruído de um ventilador ou uma máquina de ruído branco, podem ajudar a acalmar o bebê e distraí-lo da sensação de desconforto causada pela cólica.
- Mudanças na alimentação: Se você estiver amamentando, observe sua dieta e evite alimentos que possam causar gases, como feijões, brócolis e refrigerantes gaseificados. Se o bebê estiver sendo alimentado com fórmula, converse com o pediatra sobre a possibilidade de mudar para uma fórmula mais fácil de digerir.
- Passeios de carro: Muitos bebês se acalmam ao serem levados para um passeio de carro. O movimento e o ambiente tranquilo podem ajudar a relaxar o bebê e aliviar a cólica.
Lembre-se de que cada bebê é único, e o que funciona para um pode não funcionar para outro. É importante observar e entender as preferências do seu bebê e buscar orientação médica se a cólica persistir ou piorar. O pediatra pode fornecer orientações adicionais e avaliar se há alguma condição subjacente que precise ser tratada.
Conclusão
A cólica infantil e os gases são desconfortos comuns nos primeiros meses de vida do bebê. É fundamental diferenciar esses problemas para um tratamento adequado e eficaz. Ao compreender os sintomas e identificar corretamente o desconforto do bebê, os pais podem adotar medidas assertivas para aliviar a dor. Lembrando sempre que o uso de medicações deve ser prescrito pelo pediatra responsável pelo acompanhamento do bebê. Ao compreender e lidar com a cólica infantil, os pais podem proporcionar um ambiente mais confortável e tranquilo para o seu pequeno.
QUEM SOU EU?
Me chamo Bruna Ferreira Breder de Paula, nascida em Minas Gerais. Sou médica desde 2007 e, até me formar por completo, “rodei um pouquinho” – fiz minha faculdade de medicina em Volta Redonda, RJ – UniFOA; fiz minha residência de Pediatria em São Paulo, no Hospital Cândido Fontoura; e fiz minha especialização em Terapia Intensiva Pediátrica também em São Paulo, no Hospital São Paulo pela UNIFESP.
Como a vida em São Paulo é muito “doida” (o mineiro geralmente prefere algo mais tranquilo), resolvi criar raízes em Vitória, ES. Sou casada e tenho uma linda princesa chamada Bárbara. Amo o que faço pois não conheço ninguém mais verdadeiro e puro do que a criança. Sei que minha função na Terra é ajudar famílias a criarem filhos saudáveis e prontos para conquistarem o mundo.