Introdução alimentar significa a fase em que a alimentação dos bebês começa a incorporar outros alimentos além do leite materno. Ela deve ser iniciada no sexto mês de vida, conforme recomendação de órgãos de saúde como a Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde.
A alimentação saudável favorece o crescimento e desenvolvimento adequado da criança, além de prevenir deficiências nutricionais e o aparecimento precoce de doenças, que anteriormente, eram mais comuns em adultos.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde (MS) recomendam o aleitamento materno exclusivo até os seis meses de vida, sem qualquer outro alimento líquido (água, sucos, chás) ou sólidos, pois é comprovado que as crianças que deixam de ser amamentadas nos primeiros meses de vida e recebem alimentos não saudáveis, principalmente os industrializados, podem desenvolver doenças como obesidade, hipertensão e diabetes.
Depois do sexto mês de vida, o leite materno sozinho não supre todos os nutrientes que o bebê precisa, sendo necessário complementar a alimentação. Essa idade é a mais recomendada para introdução de novos alimentos pois, antes dela, o sistema digestivo ainda não está preparado para digerir outros alimentos, além do leite materno ou fórmula infantil.
É nessa idade, também, que o sistema imunológico da criança estará mais forte para combater eventuais infecções ou alergias decorrentes da introdução precoce de novos alimentos.
Como iniciar a introdução alimentar
Após os seis meses, as crianças em aleitamento materno devem receber três refeições ao dia (papa de fruta no meio da manhã, papa salgada no almoço e papa de fruta no meio da tarde). A criança que não estiver em aleitamento materno, deve receber 5-6 refeições, sendo 3 papas (2 de frutas e 1 papa salgada, 2-3 de fórmula infantil).
As frutas deverão ser amassadas com garfo, ou raspadas, e oferecidas na colher. A papa salgada (almoço) deve ser preparada com legumes e/ou verduras, juntamente com cereais ou tubérculos (exemplos: arroz, batatas, macarrão), carnes (carne vermelha, frango, peixe) ou ovo, e feijão amassados no garfo e colocados separadamente no prato para que a criança possa reconhecê-los. Uma alimentação variada é uma alimentação colorida. A cada dia, um novo alimento de cada grupo deverá ser escolhido para compor a papa.
A fruta é um excelente alimento para começar a introdução alimentar complementar. Trata-se de uma opção rica em vitaminas, sais minerais e água. Seu sabor doce tem mais fácil aceitação. Se for fruta da época, e orgânica, melhor ainda. Alterne as frutas ao longo da semana. Além de ser importante para que o pequeno conheça os primeiros sabores, é fundamental para promover um equilíbrio intestinal, oferecendo alimentos laxativos e constipantes, e a variedade aumenta o aporte nutricional semanal.
A alimentação complementar deve ser espessa desde o início, em forma de papas ou purês, amassados com o garfo. Não deve ser utilizado liquidificador, peneira ou mixer para preparar as refeições. As carnes devem ser desfiadas e separadas em porções no prato para que a criança possa reconhecê-las. As vísceras, quando utilizadas, deverão sofrer cozimento demorado a fim de evitar possíveis contaminações de manipulação em abatedouros com grande incidência de salmoneloses.
O ovo está liberado a partir da introdução alimentar. Para garantir a não contaminação por bactérias enteropatogênicas próprias da casca do ovo, este deve sempre ser consumido cozido, oferecendo clara e gema. Sempre que possível, diversificar o tipo de proteína animal consumida, ao longo da semana proporcionando maior variedade de nutrientes essenciais e micronutrientes para o crescimento e desenvolvimento nesta fase, como ferro e zinco.
Ao longo da oferta, deve-se oferecer gradativamente diferentes consistências, assim a criança aprende a mastigar com a gengiva, que vai favorecer também a futura dentição. Após os 7 meses, inicia-se a oferta da janta (segunda papa salgada). Por volta dos 8 a 9 meses a criança pode começar a receber a alimentação na consistência habitualmente consumida pela família, na dependência do seu desenvolvimento neuropsicomotor. Não force os pedaços se o seu filho não estiver prepaparado pois ele pode engasgar e não querer comer mais.
No preparo da papa salgada devem ser usados temperos frescos como cebola, alho, salsa, cebolinha e não deve ser utilizado o sal. Não devem ser usados temperos e alimentos industrializados, apimentados, muito gordurosos, como bacon e embutidos (linguiças, salsicha e presunto). Também não devem ser adicionados açúcar, mel, farinhas ou geleias nas frutas, e nem oferecidos balas, gelatinas, chocolates, refrigerantes, biscoitos salgados ou recheados.
Óleo vegetal (preferencialmente óleo de soja, canola ou azeite, devido à quantidade de DHA nesses óleos) deve ser usado na quantidade de 3 a 3,5 ml para cada 100mL ou 100 gramas de preparação. Não é permitido o uso de caldos ou tabletes de carne industrializados, de legumes ou quaisquer condimentos industrializados. O óleo pode ser aquecido para refogar os alimentos.
Sucos não devem ser oferecidos em menores de 1 ano. Mesmo os sucos naturais, sem adição de açúcar, não são recomendados pois quando preparados, eles perdem a parte mais importante da fruta que é a fibra. Assim, seu filho vai consumir apenas a frutose pura, ou seja, o açúcar da fruta, e isso em maior quantidade aumenta o risco de obesidade. Quando a fruta é consumida inteira, as fibras auxiliam no processo de digestão de gordura e da frutose.
O ideal é que os alimentos sejam separados em porções no prato, para que a criança conheça novos sabores, cores e texturas. Algumas podem precisar experimentar pelo menos de oito a dez vezes determinados alimentos até aceita-los. Não se preocupe em caso de rejeição. Para o bebê, tudo é novidade! Espere alguns dias e volte a oferecer o mesmo alimento.
Exemplo à mesa
Fazer as refeições junto com a família ajuda a incentivar a criança a experimentar novos alimentos, por isso, é importante que, desde o começo da introdução alimentar, ela se sente à mesa. A criança que vê os pais comendo fica mais propensa a experimentar os alimentos novos, desde que sejam saudáveis e indicados para a idade delas. Por isso, é importante que os pais tenham bons hábitos alimentares. E os irmãos devem ser orientados pelos pais a não oferecerem iogurtes industrializados, macarrão instantâneo, bebidas alcoólicas, salgadinhos, refrigerantes, frituras, cafés, embutidos, enlatados, chás e doces aos menores.
Não force e não substitua
Quando a criança não estiver com fome não é preciso insistir ou utilizar de prêmios ou castigos para que ela coma o que os pais ou cuidadores acreditam que seja o necessário para ela. É importante distinguir os sinais de fome de outras situações de desconforto da criança como sede, sono, frio, calor ou fraldas sujas. Se a criança é forçada a comer de forma contínua ela vai perdendo gradativamente sua percepção de saciedade, levando a um risco aumentado para desenvolvimento de excesso de peso e obesidade nos anos seguintes.
Por mais que a criança se negue a comer, tente manter a neutralidade emocional para não transmitir nervosismo. Outro hábito a ser evitado é substituir as refeições. Quando você faz isso, está ensinando ao seu filho que é só se negar a comer para ganhar aquilo que ela gosta, e fica tudo bem.
Procure oferecer os alimentos de maneira regular, mas sem rigidez de horários, em intervalos de duas a três horas entre as refeições, para que a criança sinta vontade de se alimentar. No início, alguns alimentos podem ser rejeitados, porque tudo é novidade (a colher, o sabor e a consistência do alimento). Há crianças que se adaptam facilmente enquanto outras precisam de mais tempo.
Dependendo do volume de ingesta por refeição, a mãe deve amamentar a criança logo após se perceber que ela ainda está com fome. Não é preciso forçar a aceitação. Lembre-se que o seu filho está conhecendo o alimento. Esta é uma primeira etapa da alimentação infantil. Se for realizada de forma adequada, aumenta a chance de formar um adulto com boas escolhas alimentares.