Você já se perguntou: “Será que meu filho não come por causa do refluxo?”

Se essa dúvida passou pela sua cabeça, esse pode ser a causa sim. Muitas mães chegam ao meu consultório dizendo:
“Ele só quer leite.” “Ela fecha a boca quando vê a colher.” “Eu tento de tudo, mas ele rejeita a comida antes mesmo de experimentar.” E em muitos desses casos, a resposta está escondida num desconforto antigo: o refluxo.

POR QUE O REFLUXO PODE AFETAR A ALIMENTAÇÃO DA CRIANÇA?

O refluxo gastroesofágico é bastante comum nos primeiros meses de vida, mas o que muitas pessoas não percebem é que ele pode continuar influenciando a alimentação da criança mesmo depois que os sintomas mais evidentes desaparecem.

Durante a introdução alimentar, por exemplo, algumas crianças sentem desconforto ao comer — como queimação, engasgos ou dor ao engolir. Isso pode fazer com que comecem a associar a comida a uma experiência ruim. Com o tempo, essa associação pode levar à recusa alimentar. A criança evita comer para não sentir desconforto, e os pais, preocupados, acabam insistindo. Essa insistência, embora bem-intencionada, pode aumentar ainda mais a resistência da criança.

Esse ciclo de recusa e pressão pode se tornar difícil de quebrar. Por isso, é importante observar o histórico da criança e considerar se o refluxo pode ter deixado alguma marca nesse processo. Entender que essa recusa pode ter uma causa anterior ajuda os pais a lidarem com a situação de forma mais estratégica, buscando caminhos para tornar o momento das refeições mais tranquilo, sem forçar e sem transformar a alimentação em um momento de estresse.

Quando me perguntam “como saber se meu filho não come por causa do refluxo?”, eu peço que observem com atenção os seguintes sinais:

  • Choro frequente durante ou após as refeições
  • Recusa seletiva: aceita só papinhas líquidas, leite ou texturas bem específicas
  • Engasgos ou tosse ao comer certos alimentos
  • Rejeição sem experimentar, como se sentisse medo
  • Arrotos frequentes, mesmo sem grandes volumes de comida
  • Irritação ou inquietação logo após comer

Esses comportamentos, isoladamente, não confirmam o diagnóstico, mas são alertas importantes de que algo interno pode estar causando incômodo real.

A DOR INVISÍVEL QUE OS ADULTOS IGNORAM (MAS A CRIANÇA SENTE)

O maior erro que vejo por aí — mesmo entre profissionais — é tratar a recusa alimentar como birra. A frase “quando tiver fome, ele vai comer” ainda é repetida por muita gente.Mas quando há dor envolvida, essa lógica simplesmente não se aplica.

A criança não recusa porque quer. Ela recusa porque aprender a comer virou algo perigoso para o corpo e para o cérebro dela. O alimento virou ameaça. E enquanto não desatamos esse nó, as tentativas de forçar ou “convencer” acabam só piorando o problema.

A alimentação, que deveria ser um momento de prazer e conexão, vira uma batalha diária. A criança chora, se recusa, se irrita.
A mãe se culpa, perde a paciência, tenta mil estratégias diferentes e se sente um fracasso.

Com o tempo, vêm o medo de desnutrição, a comparação com outras crianças, os palpites da família, e aquela sensação de “eu não estou dando conta”. Eu sei. Eu já estive aí. Minha filha foi seletiva alimentar dos 6 meses até os 6 anos de idade.
Passei por fases de negação, culpa, exaustão e muita frustração. Foi só depois de muito estudo, especialização e escuta verdadeira que consegui mudar esse cenário. E hoje, ajudo outras famílias a encurtar esse caminho com menos estresse e mais resultados.

Muitas mães, com medo de ver o filho sem comer, acabam oferecendo leite em todas as recusas. E eu entendo esse movimento. A gente quer garantir que a criança tenha energia, que cresça, que se alimente de alguma forma. Mas quando o leite vira a principal fonte alimentar, ele também se transforma em muleta emocional. A criança para de tentar outras coisas — porque sabe que o leite vai aparecer depois. E assim, a seletividade se fortalece.

A recusa alimentar não some com o tempo. Se não é tratada com atenção e estratégia, ela pode se intensificar e gerar:

  • Deficiências nutricionais
  • Baixo peso ou estatura
  • Ansiedade alimentar
  • Impacto social (recusa em festinhas, escola, viagens)
  • Estresse familiar contínuo
  • Problemas emocionais na relação com o corpo e com os pais

Ou seja, não é só sobre comida. É sobre saúde, conexão e bem-estar.

O QUE FAZER SE VOCÊ SUSPEITA QUE SEU FILHO NÃO COME POR CAUSA DO REFLUXO?

Vamos às dicas práticas:

  1. Observe os padrões de recusa: Quais alimentos ele rejeita? Há texturas, temperaturas ou cheiros específicos que geram mais desconforto?
  2. Reflita sobre o histórico: Seu filho teve refluxo nos primeiros meses? Usou leite antirrefluxo? Vomitava ou chorava muito após mamar?
  3. Não force, acolha: Toda vez que você insiste, o cérebro da criança entende como um risco. Acolher é mais eficiente do que pressionar.
  4. Ofereça alimentos seguros + novas possibilidades: Inclua sempre um alimento que a criança aceita no prato. E aos poucos, insira variações sem pressão (ex: formato, cor, temperatura).
  5. Evite refeições muito volumosas e próximas da hora de dormir: Crianças com histórico de refluxo costumam piorar à noite. Refeições mais leves e distantes do sono ajudam a reduzir o desconforto.

E SE EU NÃO CONSEGUIR SOZINHA?

Quando a seletividade alimentar não é tratada de maneira eficaz, ela pode se transformar em um problema de longo prazo, com implicações para a saúde da criança. É essencial intervir cedo para garantir que seu filho tenha uma alimentação equilibrada, rica em nutrientes essenciais e que seja capaz de proteger o corpo contra doenças crônicas no futuro.

O apoio de um pediatra especialista em seletividade alimentar pode fazer toda a diferença, oferecendo uma orientação profissional que leve em consideração o comportamento alimentar da criança, sua saúde geral e suas necessidades nutricionais. Com isso, é possível desenvolver estratégias eficazes para mudar os hábitos alimentares da criança e garantir um desenvolvimento saudável e sustentável.

Se está difícil sozinha resolver a dificuldade alimentar do seu filho e não aguenta mais as brigas na hora da refeição, eu tenho um plano personalizado para sua criança. Como Pediatra com mais de 15 anos de experiência em nutrição infantil e seletividade alimentar, eu criei um acompanhamento nutricional, baseado no Método COMER. Em uma consulta online ou presencial, avalio quais são as as necessidades específicas da sua criança e te entrego estratégias eficazes e personalizadas para transformar a alimentação do seu filho. Ele é um programa de acompanhamento personalizado para pais de crianças seletivas, com foco em:

  • Entender as causas escondidas da recusa alimentar
  • Reduzir o medo e a resistência da criança
  • Reintroduzir alimentos de forma segura e respeitosa
  • Fortalecer a autonomia alimentar
  • Melhorar o vínculo e diminuir os conflitos nas refeições

 

Tudo isso com acompanhamento direto comigo, com orientações práticas, estratégias semanais e escuta acolhedora.

Para conhecer melhor sobre esse programa de acompanhamento nutricional, clique no link a seguir: Programa Nutricional Método COMER

consulta com pediatra
Dra Bruna de Paula - Pediatra - CRM 11818

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