A obesidade infantil é uma doença crónica causada pelo excesso de gordura corporal que se acumula, afetando todos os órgãos e sistemas do corpo. Costuma ser causada pela associação de fatores genéticos, metabólicos, ambientais e comportamentais.
A obesidade infantil vem aumentando em frequência e severidade no mundo todo. Dados do Sistema de Vigilância Nutricional (SISVAN) do ano de 2016 apontaram que 17,53% dos adolescentes brasileiros estavam com sobrepeso, 6,85% com obesidade e 1,48% com obesidade grave. No Brasil, segundo o IBGE, uma em cada três crianças de cinco a nove anos estão acima do peso.
Tem um significativo impacto social e económico, elevada morbilidade e mortalidade já presentes na infância – é atualmente considerada a primeira causa mundial de doença evitável porque reduz significativamente a esperança média de vida, pelas inúmeras comorbidades associadas (diabetes, aterosclerose precoce, dislipidemia, disfunção hepática (como esteatose hepática), hipertensão arterial, doenças ortopédicas como probemas de coluna ou joelhos, dores articulares, problemas respiratórios como asma e apnéia do sono, acne, assaduras e dermatites, enxaqueca, psicossociais (isolamento social, solidão, bullying, bulimia ou anorexia, baixa autoestima)
Muitas crianças estão crescendo em ambientes que propiciam o aumento de peso e a obesidade, ou seja, que favorecem comportamentos associados ao sedentarismo e à ingestão de alimentos calóricos, ricos em gordura, sódio, aditivos químicos e pobres em nutrientes. Com o passar dos anos, houve uma drástica mudança nos comportamentos alimentares das casas, em todo o mundo. As crianças passaram a ter contato com alimentos industrializados e hiper calóricos, e se afastaram das frutas e de outros alimentos naturais e saudáveis.
Outras situações que favorecem a obesidade são as poucas horas de sono, baixo consumo de água, legumes / hortaliças e frutos; o uso excessivo de telas e, muito raramente, distúrbios hormonais e doenças genéticas / herdadas.
Está cientificamente comprovado que os hábitos alimentares, de exercício físico e rotina de sono são enraizados na infância e consolidados durante toda a vida. Quando estão desajustados, eles promovem a obesidade.
Os hábitos alimentares das crianças são formados ainda na barriga da mãe e se estendem nos primeiros anos de vida. A gestante deve optar por alimentos saudáveis, limitar o consumo de alimentos processados e evitar alimentos ultraprocessados. Além disso, antes dos dois anos, os pais não devem oferecer açúcar e alimentos ultraprocessados para seus filhos (ricos em calorias, gorduras saturadas, açúcares e sal).
Os pais, os outros familiares, educadores e professores devem assumir a sua responsabilidade neste processo, promovendo, com o apoio dos profissionais de saúde, comportamentos saudáveis. A família é o modelo na infância e adolescência, logo, se os pais e/ou responsáveis se alimentam de modo adequado e se exercitam, as crianças e os adolescentes seguirão o exemplo.
Prevenir e reverter o excesso de peso em crianças e adolescentes é fundamental por vários motivos:
- Ganhar excesso de peso na infância e na adolescência pode levar ao sobrepeso e à obesidade ao longo da vida
- O excesso de peso na infância e na adolescência está associado a um maior risco e início precoce de doenças crônicas, como o diabetes tipo 2
- A obesidade na infância e adolescência tem consequências psicossociais adversas e reduz o nível de escolaridade
- Crianças e adolescentes são mais suscetíveis ao marketing de alimentos do que adultos, o que torna necessária a redução da exposição das crianças a alimentos obesogênicos.
Prevenir precocemente a obesidade na infância é fundamental para que no futuro essas crianças e adolescentes não desenvolvam problemas como diabetes, colesterol alto, hipertensão e dificuldades respiratórias. E todas as crianças obesas e suas famílias devem, idealmente, ser acompanhadas por Pediatra, que em equipe multidisciplinar, adequada a cada caso, irá orientar no diagnóstico e tratamento desta doença, de forma personalizada e integrada.