A seletividade alimentar é um tema que preocupa muito os pais, levando a busca frequente por consulta médica. Caracterizada por recusa alimentar, pouco apetite e desinteresse pelo alimento, ela pode trazer prejuízos nutricionais que afetam o desenvolvimento infantil.
É um comportamento esperado na primeira infância, mas que pode se perpetuar até a adolescência ou idade adulta dependendo de como o tema é abordado nas famílias.
Mais do que apenas ser um comedor exigente, a pessoa com seletividade alimentar costuma ter aversão sensorial a certos sabores, texturas ou cores, chegando a desenvolver fobia de determinados alimentos. Como resultado, alimentam-se com uma dieta muito restrita, afetando principalmente a ingestão de micronutrientes, como vitaminas e minerais.
As razões desse comportamento, no entanto, são complexas e podem estar relacionadas a questões familiares e contextos sociais. Às vezes é impossível identificar onde começam as dificuldades quando se pensa nas causas: nos sentimentos da mãe ou no comportamento da criança.
Saiba as características das pessoas com seletividade alimentar:
- comer apenas alimentos que são vistos como seguros ou aceitáveis, ou seja, não há rotatividade alimentar. Estas pessoas desenvolvem o hábito de comer sempre o mesmo alimento, textura e tempero, o que leva a uma certa monotonia alimentar. Também costumam alegar que não gostam de determinados alimentos, antes mesmo de experimentá-los
- normalmente a escolha é sempre pelos mesmos alimentos, determinadas marcas ou mesmo temperatura em que serão ingeridos (frio ou quente)
- sentir aversão a grupos alimentares inteiros, como frutas, vegetais ou leguminosas
- ficar angustiado quando é encorajado a experimentar alimentos diferentes, seja por causa de uma fobia ou medo de engasgar ou vomitar
- apresentar náusea e vômito ao se deparar com a necessidade de comer novos alimentos
- as crianças fecham a boca para evitar de qualquer maneira a ingestão de um alimento diferente
Causas da seletividade alimentar:
Quando falamos sobre seletividade alimentar infantil, é fundamental entender as causas por trás desse comportamento para que o tratamento seja eficaz. Identificar os motivos permite personalizar o acompanhamento e agir de maneira mais direcionada, levando em consideração o desenvolvimento e as necessidades específicas da criança. Entre as principais causas da seletividade alimentar, destacam-se:
1. Rigidez comportamental
Algumas crianças possuem uma maior resistência a mudanças, o que afeta não apenas a alimentação, mas também outras áreas da vida. Essa rigidez comportamental se manifesta na recusa em experimentar novos alimentos, seguir novas rotinas, interagir com pessoas desconhecidas ou lidar com mudanças no ambiente. No contexto alimentar, isso pode se traduzir em uma relutância constante em sair da zona de conforto e provar algo diferente do que já é familiar, mesmo que o alimento seja saudável ou saboroso. A criança se apega a padrões repetitivos que dão uma sensação de segurança, tornando as refeições desafiadoras para os pais.
2. Flacidez ou pouco desenvolvimento da musculatura oral
A seletividade alimentar também pode estar ligada a dificuldades motoras, especialmente na musculatura oral. Crianças com hipotonia ou atraso no desenvolvimento motor podem ter dificuldade em mastigar e deglutir adequadamente os alimentos, o que as leva a evitar certos tipos de texturas e consistências mais complexas, como alimentos duros ou fibrosos. Isso pode fazer com que a criança prefira alimentos mais macios e fáceis de engolir, contribuindo para a recusa de uma dieta mais variada. Trabalhar com um fonoaudiólogo pode ser uma estratégia eficaz para melhorar essa questão.
3. Problemas sensoriais
Muitas crianças seletivas apresentam hipersensibilidade ou hipossensibilidade sensorial, o que afeta diretamente a maneira como elas percebem os alimentos. Em casos de hipersensibilidade, a criança pode sentir desconforto extremo com a cor, o cheiro, o sabor, a forma ou a textura de determinados alimentos, mesmo que esses estímulos sejam considerados normais para outras crianças. Já nos casos de hipossensibilidade, a criança pode não sentir estímulos sensoriais de forma adequada, o que faz com que os alimentos pareçam desinteressantes ou sem sabor. A incapacidade de processar esses estímulos de maneira equilibrada pode gerar uma aversão alimentar significativa, exigindo intervenções específicas, como terapia ocupacional focada na integração sensorial.
4. Problemas de saúde
Em alguns casos, a seletividade alimentar pode estar relacionada a problemas de saúde subjacentes. Crianças com alergias alimentares, intolerâncias (como à lactose ou ao glúten) ou condições gastrointestinais (como refluxo gastroesofágico ou constipação crônica) podem evitar certos alimentos por associá-los ao desconforto físico. Esses problemas de saúde, muitas vezes, passam despercebidos, especialmente em crianças menores, que ainda não conseguem expressar claramente o que sentem. O acompanhamento médico é crucial para identificar e tratar essas condições, aliviando a recusa alimentar.
5. Aspectos emocionais e psicológicos
Embora não seja sempre a causa principal, o estado emocional da criança pode agravar a seletividade alimentar. Traumas relacionados à alimentação, como episódios de engasgo, ou situações de estresse familiar, como brigas durante as refeições, podem gerar ansiedade ou medo de comer. Nesses casos, o ambiente ao redor das refeições precisa ser ajustado para promover segurança e confiança na criança.
Entender essas causas é o primeiro passo para oferecer uma abordagem mais compreensiva e eficaz no tratamento da seletividade alimentar, buscando sempre o bem-estar e o desenvolvimento saudável da criança.
Qual a idade comum de seletividade alimentar?
A seletividade alimentar costuma iniciar ainda na infância, podendo se estender até a adolescência, dependendo de como a família maneja a situação. Marcos comuns de início de seletividade alimentar, se não forem realizados de forma adequada, são amamentação e introdução alimentar.
Também é importante a família prestar atenção no momento da oferta dos alimentos, oferecendo autonomia à alimentação, e manter um ambiente saudável, tranquilo, para que a criança preste atenção ao que está comendo e consiga ter prazer no momento da refeição. Se o momento de oferta alimentar e o ambiente para a oferta forem estressantes, há grande chance de levar a redução do interesse da criança pelo alimento.
Procure um pediatra para confirmar o diagnóstico de seletividade alimentar do seu filho. Esse profissional poderá verificar a presença de outros problemas que possam levar à rejeição da alimentação, como alergia, dificuldades para mastigar e deglutir ou problemas gastrointestinais. Neste momento também é importante que os pais ou cuidadores do paciente tomem consciência e se engajem ativamente no tratamento, sempre respeitando o processo do paciente
Conclusão
Concluindo, a seletividade alimentar infantil é uma fase comum no desenvolvimento das crianças, mas pode gerar bastante preocupação e estresse nos pais. Com paciência, compreensão e estratégias adequadas, é possível transformar esse comportamento. A chave está em criar uma relação positiva com os alimentos, sem pressão ou cobranças, respeitando o tempo da criança. Se, no entanto, as dificuldades persistirem ou afetarem o crescimento e a saúde, buscar a orientação de um profissional especializado pode fazer toda a diferença. Lembre-se: pequenas mudanças diárias podem resultar em grandes progressos a longo prazo.
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