FEBRE MACULOSA: A FEBRE DO CARRAPATO

febre maculosa

A febre maculosa, também chamada doença do carrapato, é uma doença infecciosa. É causada pela bactéria Rickettsia rickettsii, presente na saliva de carrapatos e transmitida quando esse pica o ser humano. Sendo assim, é mais comum em áreas rurais, onde há mais animais como capivaras, cavalos, vacas e cachorros que podem estar infectados com esses carrapatos.

A febre maculosa não ocorre sempre que a pessoa é mordida por um carrapato pois menos de 1% dos carrapatos são infectados pela bactéria. O carrapato que mais comumente carreia a bactéria é o carrapato-estrela (ou mucuim), mas qualquer espécie de carrapato pode ser reservatório, como o carrapato do cão. Além disso, a doença não pode ser transmitida de ser humano para ser humano.

É uma doença mais comum nos meses de junho a outubro, pois é quando os carrapatos estão mais ativos. Para desenvolver a doença é necessário estar em contato com o carrapato por 6 a 10 horas para que seja possível haver transmissão da bactéria. Sendo assim, carrapatos menores e mais jovens são os mais perigosos, uma vez que se tornam mais difíceis de serem percebidos e removidos. Os carrapatos permanecem infectados durante toda a vida, em geral de 18 a 36 meses.   

Fatores de risco para contrair a doença:

  • Viver em uma área onde a doença é comum, como locais rurais ou arborizados
  • Período do ano de abril a outubro, em que há mais formas jovens de carrapatos
  • Conviver com cachorro, cavalo ou outros animais domésticos.
febre maculosa
carrapato-estrela

Avaliação clínica

A febre maculosa pode cursar com formas leves e atípicas até formas graves com elevado número de mortes. Os sintomas são inespecíficos e podem ser muito parecidos com outras doenças. Os primeiros sinais podem aparecer de 2 a 14 dias após a picada do carrapato, sendo mais comuns após 7 dias.

A transmissão da doença ocorre através da picada do carrapato estrela contaminado com a bactéria Rickettsia rickettsii. Ao picar e se alimentar do sangue, o carrapato transmite a bactéria através de sua saliva. Mas é necessário um contato entre 6 a 10 horas para que a bactéria seja transmitida.

Os principais sintomas de febre maculosa são:

  • Manchas vermelhas nos pulsos e tornozelos, que não coçam, mas que podem aumentar em direção às palmas das mãos, braços ou solas dos pés. Aparece entre o segundo e o quinto dia de doença. Elas podem ainda aumentarem de tamanho e se tornarem mais salientes, tornando-se maculopápulas. No entanto, algumas pessoas que estão infectadas com a febre maculosa não desenvolvem uma erupção cutânea, o que torna o diagnóstico muito mais difícil.
  • Febre acima de 39ºC e calafrios
  • Dor de cabeça intensa
  • Conjuntivite
  • Náuseas e vômitos
  • Diarreia e dor abdominal
  • Dor muscular constante
  • Insônia e dificuldade para descansar
  • Inchaço e vermelhidão nas palmas das mãos e sola dos pés
  • Gangrena nos dedos e orelhas
  • Paralisia dos membros que inicia nas pernas e vai subindo até os pulmões causando parada respiratória
  • Confusão ou outras alterações neurológicas

 

Não é possível identificar o local de sua picada, porque não causa dor, embora seja suficiente para a transmissão da bactéria. Quando o carrapato infectado pica uma pessoa, as bactérias entram na pele, se multiplicam nas células e entram na corrente sanguínea, causando danos nas células que revestem os pequenos vasos sanguíneos. Isso leva a anormalidades vasculares, resultando em complicações em vários órgãos, como problemas renais, pulmonares e neurológicos. Nos casos graves, é comum a presença de:

  • Inchaço dos membros inferiores e consequente paralisia
  • Insuficiência renal aguda
  • Náuseas, vômitos, dor abdominal e diarreia
  • Gangrena nos dedos e orelhas
  • Manifestações pulmonares, como tosse, edema pulmonar com infiltrado alveolar, pneumonia intersticial e derrame pleural
  • Manifestações hemorrágicas, como petéquias (manchas avermelhadas e pequenas, semelhantes a uma picada de pulga) e sangramento mucocutâneo, digestivo e pulmonar
  • Icterícia e convulsões também podem ocorrer em fase mais avançada da doença.
febre maculosa

Como realizar o diagnóstico

O diagnóstico da febre maculosa deve ser feito a partir da avaliação dos sinais e sintomas apresentados pela pessoa e resultado de exames de sangue. Sempre consulte um médico se apresentar algum mal estar após picada de carrapato. Se possível, leve o carrapato até o médico para identificação do laboratório.

Na avaliação inicial, é indicado alguns exames laboratoriais para detecção de complicações causadas pela doença como a realização de hemograma, em que é observada anemia e diminuição do número de plaquetas, além da dosagem de CK, LDH, ALT e AST no sangue, que também estão alteradas em caso de febre maculosa.

Se houver clínica neurológica, realizar coleta de liquor por punção lombar mas nem sempre a bactéria é identificada.

No corpo humano, ao atingir o sangue, a bactéria pode acometer o cérebro, pulmões, coração, fígado, baço, pâncreas e tubo digestivo, e por isso é importante saber identificar e tratar essa doença o quanto antes para evitar maiores complicações e até mesmo a morte. Em alguns casos, pode ser indicada a realização de exames de imagem para avaliar se há comprometimento de algum órgão e, assim, verificar a gravidade da doença.

Os testes laboratoriais específicos para investigação da doença são:

  • Exame de Imuno-histoquímica – detecta a bactéria em amostras de tecidos de biópsia de lesões de pele
  • Técnicas de biologia molecular (reação em cadeia da polimerase (PCR)) – através do sangue ou tecido de biópsia. Detecta o material genético da bactéria.
  • Reação de imunofluorescência indireta (RIFI): detectam presença de anticorpos contra a bactéria, a partir de coleta de sangue.
  • Isolamento da bactéria: a partir do sangue (coágulo) ou de fragmentos de tecidos (pele e pulmão obtidos por biópsia) ou de órgãos (pulmão, baço ou fígado, neste caso obtidos por necrópsia), além do carrapato retirado do paciente. A bactéria irá crescer em um meio de cultura.

 

É provável que até o 10º dia da doença não sejam encontrados anticorpos nos exames sorológicos. Sendo assim, é indicado que uma segunda amostra seja coletada novamente entre 14 e 21 dias após a primeira coleta. Os resultados desses testes podem levar semanas. Portanto, se o médico suspeitar de febre maculosa, ele deve recomendar o tratamento com antibiótico antes mesmo de os resultados saírem, já que quanto antes o tratamento é feito, menores as chances de complicações.

A febre maculosa pode ser muito difícil de diagnosticar já que seus sintomas são similares aos de outras doenças, como leptospirose, dengue, hepatite viral, salmonelose, encefalite, malária, sarampo

Como é feito o tratamento

O tratamento para febre maculosa deve ser iniciado até 5 dias após o aparecimento dos sintomas, sendo, normalmente, feito com o uso de antibióticos como Cloranfenicol ou tetraciclinas, para evitar complicações graves. O tratamento precoce com antibióticos reduz significativamente a mortalidade e previne a maioria das complicações. Trata e reduz gravidade da doença.

Em caso de complicações da doença, o tratamento é direcionado para o tipo de complicação, sendo muitas vezes indicado internação hospitalar.

Complicações da Febre Maculosa

Quando o paciente desenvolve a forma mais grave de febre maculosa, é possível que os vasos sanguíneos sejam danificados, formando coágulos. Isso pode causar:

  • Encefalite – pode causar confusão mental, convulsões e delírio
  • Inflamação do coração ou pulmões – isso pode levar à insuficiência cardíaca ou insuficiência pulmonar em casos graves
  • Falência renal
  • Gangrena nos dedos, com risco de amputação 
  • Morte, quando não tratada

 

Em caso de mal estar após a picada de carrapato, mesmo que não seja o carrapato-estrela, procure atendimento médico imediatamente. A demora na avaliação clínica, e tratamento, pode ser fatal.

A prevenção é possível

A prevenção da febre maculosa pode ser feita da seguinte forma:

  • Utilizar calças, camisolas de manga comprida e sapatos, especialmente quando é necessário estar em locais com grama alta
  • Usar roupas claras – como o carrapato é escuro, roupas claras ajudam a identificar o parasita
  • Usar repelentes com o composto químico DEET, conforme orientação do fabricante. Além disso, roupas que contém permetrina impregnada no tecido são tóxicas para os carrapatos e também podem ser úteis para diminuir o contato com o inseto quando estiver ao ar livre
  • Limpar os arbustos e manter o jardim sem folhas no gramado
  • Verificar todos os dias a presença de carrapatos no corpo ou nos animais domésticos
  • Manter os animais domésticos, como cães e gatos, desinfectados contra pulgas e carrapatos
  • Verificar se você e seus animais de estimação estão com carrapatos (após três horas de exposição a áreas de risco é preciso verificar se há a presença de algum carrapato no corpo. Após esse período, o inseto já terá transmitido a bactéria para a pessoa). Verifique também os animais de estimação que ficam soltos ao ar livre.  

 

Se um carrapato infectado se prender à sua pele, é possível contrair febre maculosa ao removê-lo, pois o fluido do carrapato pode entrar no seu corpo através de uma abertura como o local da picada. Saiba como retirar o carrapato da pele:

  • Use uma pinça para agarrar o carrapato e remova-o cuidadosamente, sem apertar ou esmagar o inseto
  • Trate o carrapato como se estivesse contaminado: mergulhe-o em álcool ou jogue no vaso sanitário
  • Limpe a área da mordida com antisséptico (álcool ou água e sabão)
  • Lave bem as mãos

 

QUEM SOU EU?

Me chamo Bruna Ferreira Breder de Paula, nascida em Minas Gerais. Sou médica desde 2007 e, até me formar por completo, “rodei um pouquinho” – fiz minha faculdade de medicina em Volta Redonda, RJ – UniFOA; fiz minha residência de Pediatria em São Paulo, no Hospital Cândido Fontoura; e fiz minha especialização em Terapia Intensiva Pediátrica também em São Paulo, no Hospital São Paulo pela UNIFESP.

Como a vida em São Paulo é muito “doida” (o mineiro geralmente prefere algo mais tranquilo), resolvi criar raízes em Vitória, ES. Sou casada e tenho uma linda princesa chamada Bárbara. Amo o que faço pois não conheço ninguém mais verdadeiro e puro do que a criança. Sei que minha função na Terra é ajudar famílias a criarem filhos saudáveis e prontos para conquistarem o mundo.

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QUEM É O MÉDICO PEDIATRA?

O pediatra é um médico especialista no cuidado de crianças desde o pré-natal até a idade de 21 anos. O pediatra deve ser procurado já durante a gravidez, no segundo trimestre da gestação, com o objetivo de melhor acompanhamento do desenvolvimento do bebê e criação de vínculo com a família.

Na consulta com pediatra a família é orientada sobre amamentação e cuidados do recém-nascido, crescimento e desenvolvimento neuromotor, ganho de peso, vacinação, sono infantil, alimentação infantil, agindo na prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças nessa faixa etária. 

O objetivo do pediatra é garantir que as crianças desenvolvam todo o seu potencial e se tornem adultos independentes e capazes de decidir sobre seu futuro. Para isso, duranta a consulta com pediatra, o médico desenvolve junto aos pais estratégias e ações de prevenção e promoção de saúde, tendo em vista o bem-estar e qualidade de vida do paciente.

Dra Bruna de Paula atende em consultório próprio em Mata da Praia, Vitória – Espírito Santo. Acompanha crianças desde o nascimento até a adolescência e orienta famílias sobre os cuidados necessários para tornar as crianças adultos saudáveis e de sucesso pessoal e profissional. 

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Dra Bruna de Paula - Pediatra

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